Alimentação Consciente e Natural no Verão – artigo no Simply Flow by Fátima Lopes

Setembro 10, 2018 sem comentários daniela Categories Blog

Comer de acordo com as estações do ano, alimentos locais e sazonais, e de preferência biológicos, é uma boa forma de nos ajudar a adaptar ao local onde vivemos e com isso trazer mais vitalidade e energia à nossa vida.  Esta filosofia, vista como uma tendência consciente e natural, levou a querida  Fátima Lopes,  que conhece bem o meu trabalho, a pedir-me para escrever um artigo sobre este tema para a sua plataforma de saúde e bem-estar – Simply Flow by Fátima Lopes.

A Natureza, de uma forma natural, oferece-nos os alimentos que são importantes ingerir nas diferentes épocas do ano. 

É fácil perceber que quando está calor o nosso organismo necessita de alimentos que lhe permita arrefecer e expandir, para estar adaptado ao tempo que se faz sentir. Quando está frio acontece precisamente o oposto.

Tendo isto em consideração é importante comermos de acordo com a estação do ano que estamos a viver. A primeira consideração importante é perceber que tipo de energia se vive no Verão, que é o assunto do deste artigo.

Qual a energia que se vive no Verão?  

Na minha opinião esta é uma estação com uma energia considerada expansiva, isto é, em que a energia se move em todas as direções, pelo que o ar que se respira tem uma energia festiva! A Natureza está no seu auge. Expande em todas as direções. Tudo o que brotou na Primavera, agora floresce e atinge o seu apogeu de crescimento. O Sol brilha com mais intensidade, a temperatura ambiente é mais elevada e com ela todos os corpos se expandem, como a energia desta estação.

Todos nós, como parte integrante da natureza, sofremos alterações com as mudanças das estações.  

Devemos, então, preparar-nos para os diferentes ciclos alinhando com tudo o que nos envolve e, desta forma, desenvolver uma adaptabilidade fácil e espontânea que se traduzirá numa saúde e bem-estar surpreendentes! O nosso meio interior e o exterior devem ter uma energia contínua e fluida. Para que tal aconteça, basta que o nosso organismo esteja permeável à troca. Mas, como podemos fazer?

Segundo os ensinamentos orientais, à energia relacionada com o Verão está associada a cor vermelha, o sabor amargo e aos órgãos Coração e Intestino Delgado.  

A minha proposta é a de ajudar o nosso organismo nessa adaptação através de ajustes na alimentação (sendo esta a forma mais direta e imediata de ajuste do nosso corpo, mente e espírito). Há também outras coisas que podemos fazer que contribuem para esse ajuste, como: usar roupas largas, leves e frescas, com cores vivas, ouvir música alegre, que convide ao movimento, sair mais para o exterior, alinhar em festas, aproveitar o sol… e comer bem.

O Verão oferece uma infinita variedade de produtos frescos e numerosas possibilidades de se usar uma culinária alegre e criativa.

Os métodos culinários que usamos devem ser simples e com frescura, como são exemplo os salteados rápidos, as marinadas, as saladas cruas e as tempuras.  

Estes métodos culinários encerram em si uma energia rápida, expansiva com mais frescura, em parte por se consumir mais alimentos crus, o que nos transmite uma energia de maior vivacidade, tão importante para nos libertarmos com o Verão.

Os alimentos que escolhemos são de extrema importância.  Por exemplo, o cereal a dar especial relevo no Verão é o milho, que é o mais ligeiro de todos. Sim, o milho é um cereal! Embora, atualmente, este alimento seja considerado mais um vegetal do que um cereal, em virtude da sua produção ser quase toda híbrida. O milho beneficia órgãos como o coração (pericárdio) e o intestino delgado, tonificando-os energeticamente para que possam acompanhar a “sobrecarga” oriunda do aumento da temperatura ambiente e da nossa atividade física. Este cereal pode ser consumido de várias formas, como, por exemplo, maçarocas, pipocas, broa, arepas (panquecas tradicionais da América Latina) e polenta (sêmola ou carolo de milho). Mais para o final do Verão podemos incluir aqui o Millet, também ele um milho conhecido por painço ou milho miúdo.

No que respeita a fruta e legumes a escolha é bastante clara: devemos dar preferência aos que são da época e de preferência locais, pois representam por si só o elemento da estação. Sendo assim, podemos eleger frutas como os morangos, os pêssegos, as cerejas, os melões e as melancias tão características desta altura do ano.

Quanto aos legumes, devemos escolher aqueles que contenham em si uma energia expansiva, como são exemplo os de folha verde como espinafresagriãorúcula. E, reparem que todos eles vão bem em saladas! O pepino e as courgettes são legumes que também podem ser usados, pois muito embora não sejam de folha verde, possuem energia de características expansivas.

No que respeita aos sabores, segundo a medicina tradicional chinesa, devemos dar algum ênfase ao amargo, no entanto é importante salientar que os 5 sabores (doce, picante, salgado, ácido e amargo) que existem devem estar sempre presentes no prato. O sabor amargo obtém-se em alimentos como sementes de sésamo levemente tostadas, nozes tostadas, em alguns legumes como rúcula, nabiças, grelos e, para os apreciadores, na alga nori.

Comer de uma forma consciente e natural, durante todo o ano, não é difícil, basta respeitar o ritmo da natureza e perceber que fazemos parte dela.  

Preferir alimentos vivos e frescos característicos de cada estação, em detrimento de produtos processados, e, por isso, já sem vitalidade, é o primeiro passo para que tal aconteça.

Fica aqui uma receita fresca e saborosa – que aprendi numa das viagens ao Perú e que pode encontrar no meu livro “Viagens da Comida Saudável” – ideal para comer nos dias quentes de Verão.

Ceviche Pré-Inca  

Ceviche é um prato de origem peruana, com alguma influência nipónica, que consiste marinar/cozinhar peixe branco cru em sumo de limão ou lima, ou outro citrino com acidez. O ceviche tem inspiração inca pré-colonização espanhola, o que significa que ainda não havia no país citrinos como o limão (geralmente mais usado). Por isso, vamos utilizar o alimento mais ácido daquela zona na época pré-colonial – o maracujá.

Grau de dificuldade: médio

Tempo de preparação: 7 horas

Rendimento: 4 a 6 pessoas

Validade: frigorífico – até 3 dias

Ingredientes:

  • 1kg de peixe branco fresco (linguado, pargo, robalo, etc.);
  • sal (q.b.);
  • 15 maracujás (q.b.)^;
  • 3 cebolas roxas;
  • pimenta moída (q.b.);
  • salsa.

Preparação:

Coloque o peixe cortado em tiras ou em cubos médios, devidamente amanhado, sem pele e sem espinhas, numa terrina. Corte as cebolas em tiras finas, tipo juliana, e acrescente ao peixe.

Tempere com o sal e a pimenta, acrescente o sumo e polpa dos maracujás, e envolva bem.

Tape a terrina com um pouco de película aderente e leve ao frigorífico durante seis horas. O peixe irá cozinhar na acidez do maracujá.

Quando servir, adicione um pouco de salsa picada.

Dica: se não for época dos maracujás e quiser muito fazer ceviche, pode substituí-los por sumo de limão. Passa a ter a receita mais comum, mas igualmente saborosa e ideal para comer no Verão.

Atreve-te a ser diferente!

Alimenta-te de uma forma consciente!