Inverno – Alimentação Consciente e Natural

Janeiro 28, 2020 sem comentários daniela Categories Blog, Publicações

O Inverno é uma estação muito especial. É a altura do ano em que parece que tudo na Natureza pára! Tudo fica adormecido: alguns animais hibernam, outros permanecem nos seus ninhos com as reservas que conseguiram guardar no Verão e Outono. As árvores permanecem sem folhas, despidas, quase como se não existisse vida. Fica tudo em suspenso…

Qual a energia que se vive no Inverno?

É uma estação com uma energia semelhante ao mar quando está calmo; Parece que não se passa nada, mas no seu interior a vida saltita. A energia é ondulante, horizontal porque parece permanecer inalterável, no mesmo estado contractivo deixado pelo Outono. A temperatura climatérica desceu e mantém-se assim quase toda a estação. Está frio e nós encolhemos para obter aconchego.

Os mestres orientais dizem que a energia do Inverno está com a energia água e que a esta energia pertencem o conjunto dos órgãos: rins, bexiga e órgãos sexuais.

Estes são os órgãos que nos conferem capacidade de realização, coragem e delicadeza. Quando a energia destes órgãos é forte e estamos equilibrados, conseguimos abraçar as dificuldades e crescer com elas. Grande parte da nossa vitalidade depende do estado destes órgãos. O órgão que poderemos chamar de mais nobre é o rim, pois quando o seu funcionamento está afectado todos os outros sofrem repercussões, pelo que se cuidarmos dos rins, estaremos a cuidar dos outros órgãos a eles associados.

Os rins têm a capacidade de renovar/filtrar o sangue, libertando-o de toxinas que serão posteriormente eliminados pela urina, através da bexiga. Os rins regulam os líquidos e, por esse motivo, são afectados com o excesso ou carência destes. Quando ocorre um distúrbio no funcionamento dos rins, a eliminação dos líquidos do nosso organismo é afectado, o que pode levar a alterações da tensão arterial (afectando desta forma também o sistema cardiovascular). Os rins regulam ainda os minerais e consequentemente a acidez do nosso corpo.

O medo, por exemplo é uma das emoções que mais exige dos rins, sendo, por isso, uma das emoções mais tóxicas para o nosso organismo. Quando ficamos tensos, não conseguimos fluir, ou reagir sequer, e temos dificuldade na adaptação ao ambiente transmitindo-nos a ideia de que tudo é um problema, tudo é difícil. Quando isto acontece podemos ainda ter insónias, fobias, problemas ósseos ou ainda disfunções do aparelho reprodutor, o centro da criação.

No Inverno, tal como em qualquer altura do ano, é importante manter o equilíbrio.

Sendo assim, precisamos de manter o equilíbrio tal como em qualquer altura do ano. E, como sempre, precisamos de estar em harmonia com o meio externo e de fortalecer o nosso meio interno.

Além da alimentação, que, como sabemos, é um dos métodos mais rápidos e eficazes de alinhamento de energia, podemos ainda adoptar algumas medidas, como: aplicar compressas de gengibre nos rins, efectuar um escalda-pés com sal, moderar a actividade física, reduzir a ingestão de estimulantes como o café, ir para a cama cedo, reduzir a ingestão de líquidos à noite, etc.

Mas, passemos à Culinária e às alterações que devemos efectuar para nos adaptarmos à nova estação.

Quais os métodos culinários que devemos privilegiar no Inverno?

Durante os meses de Inverno, os métodos culinários a utilizar não são muito diferentes dos métodos da estação anterior, mas necessitam de um tempo mais longo de cozedura, para nos transmitirem o calor necessário. Necessitamos de nos aquecer e de manter quente o nosso meio interno, pois está frio lá fora! Vamos usar e abusar dos Nhishime (estufado longo quase sem água e com pedaços grandes), dos estufados, dos cozinhados na panela de pressão e dos assados no forno.

Nesta estação necessitamos de comida mais quente e forte que nos proporcionará calor, resistência e força suficientes para nos permitir aguentar os rigores do Inverno.

Como devem ser compostos os pratos no Inverno?

Os pratos de Inverno podem ser mais condimentados do que em qualquer outra estação. Contudo devemos manter-nos conscientes que não devemos abusar dos condimentos salgados como sal, shoyu ou miso, apesar de os usarmos em maior quantidade.

A quantidade de gordura usada também deve ser aumentada, pelo que se pode adicionar um pouco de azeite nos cereais ou nos legumes, incluir tempuras ou frituras de cereais nas refeições (por possuírem um pouco mais de gordura). De salientar que a escolha do tipo de gordura deve manter-se criteriosa: de preferência vegetal, de origem biológica e obtida unicamente por processos mecânicos. São exemplos de boas gorduras: azeite, óleo de ssésamo, óleo de graínha de uva, óleo de girassol, etc.

Que alimentos devemos comer no Inverno?

No que respeita à escolha dos alimentos a regra de ouro é sempre a mesma: dar preferência aos frutos e legumes da estação, de preferência de origem biológica (mais saudáveis, pois não têm pesticidas e são mais ecológicos).

Os cereais mais adequados ao Inverno, embora a utilização de todos os outros cereais deva ser mantida também nesta estação, são: o trigo sarraceno e a aveia.

O trigo sarraceno é um cereal muito forte, é o melhor cereal para adquirir vitalidade e ajudar na adaptação ao tempo frio. Tem um sabor peculiar, sendo maioritariamente consumido sob a forma de massa, denominada de soba ou cozinhado com arroz ou na sopa.

A aveia é o cereal mais calorífero e com mais gordura, logo é o melhor para quem necessita de aquecer e de aumentar de peso. Este cereal também é indicado para a alimentação de bebés e crianças, assim como mães em período de aleitamento.

arroz glutinoso e o mochi (arroz glutinoso cozido, socado e prensado) também são dois alimentos que podemos usar com mais frequência nesta estação, uma vez que possuem um pouco mais de gordura que o arroz integral comum.

Os órgãos em destaque nesta estação são os rins a bexiga e os órgãos reprodutores, como já foi referido anteriormente. Alimentos que beneficiam extremamente estes órgãos, segundo a cultura oriental, são os feijões, em especial o feijão azuki. Este feijão é pequeno e, por esse motivo, com uma qualidade energética muito concentrada, mas é de mais fácil digestão que os outros, além disso têm propriedades diuréticas e é utilizado para tratamento de disfunções renais. É um tonificador renal, conferindo mais energia e ânimo. O correspondente português é o feijão frade, embora já exista uma grande produção de feijão azuki em Portugal.

No que respeita à escolha de fruta e legumes, a tarefa fica bem mais fácil se optarmos por fruta da época e legumes da estação, de preferência de produção nacional.

Atreve-te a ser diferente!

Vive Consciente.

Daniela Ricardo